Não é possível contatar vereador pela rede nem há divulgação sobre o que será votado
Roberto Almeida
Apenas metade das 645 Câmaras Municipais de São Paulo divulga informações na internet, segundo levantamento feito entre 28 de janeiro e 14 de fevereiro, e 101 têm sites que estão abandonados ou que não apresentam dados relevantes para o cidadão. Nos municípios em que as Câmaras pecam pela falta de transparência digital, não se sabe o que será votado pelos vereadores, porque a ordem do dia não está disponível. Balancetes e relatórios fiscais, que deveriam esclarecer gastos das Casas Legislativas, não são publicados. E pior: não é possível contatar vereadores para reclamar, porque seus telefones e e-mails não são divulgados para o visitante. Em alguns casos, os sinais de abandono ultrapassam a simples falta de conteúdo. Na pequena Cajuru, no norte do Estado, os esforços por transparência na gestão da Câmara Municipal parecem ter congelado no tempo. “Em breve estará disponível o balanço geral de 2005, aguadem (sic)”, avisa seu site. O endereço eletrônico da Câmara de Estiva Gerbi, também no norte paulista, sofre dos mesmos sintomas. O cabeçalho da página inicial tem reservado o que seria o espaço para a mensagem do presidente da Casa. No entanto, está ocupado por uma digitação incoerente – “Flksjaflkjasd fljsadfçlkasjdf” -, e ainda aguarda ser substituído. O custo de cada um desses 101 sites, segundo empresas que prestam serviços de tecnologia da informação para Câmaras Municipais, chega a R$ 7 mil em modelos mais simples. E para manter as informações online, é preciso pagar ainda um servidor de dados, que custa até R$ 150 mensais. Desperdício O cálculo total do desperdício de dinheiro público chega a pelo menos R$ 700 mil, aplicados a fundo perdido no mundo virtual, sem contar R$ 150 mil anuais para manter sites inoperantes online. Valores que, para a Câmara de Chavantes, na divisa com o Paraná, serviram apenas para divulgar antigos relatórios de gestão fiscal da Casa, e para inserir um gerador automático de notícias, que apresenta inadvertidamente manchetes do reality show Big Brother Brasil. Além da falta de conteúdo, ou dados não condizentes com os trabalhos das Câmaras, há outro tipo de desperdício no mundo virtual: gastos com domínio do endereço eletrônico. Um total de 46 casas continuam utilizando o domínio pago (.com.br), apesar de terem acesso gratuito ao domínio do governo do Estado ( .sp.gov.br), fornecido pela Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp). Entre elas estão cidades de médio porte, como Araçatuba, Botucatu, Ourinhos, São José do Rio Preto e São Sebastião. Cada uma despende R$ 30 anuais ao NIC.br, empresa responsável pela liberação e manutenção de seus endereços eletrônicos. O custo da manutenção dos endereços é de R$ 1.380 por ano. Diretor de serviços do NIC.br, Frederico Neves diz que não existe nenhuma classificação para uso de domínio: “É uma opção da instituição que solicita o registro”.